17.2.06

Acalentas meu riso morto

Vão-se ais de uis de ninguém. O tempo regozija estranhas formas de sadismo. Cotovelos se aplacam sobre a tênue plasta cinzenta que se formou depois que lhe abriram a cabeça. Estranho, ninguém o reconheceu. Era apenas mais um dentre milhões de corpos inertes sem vida. Na mão, um lenço branco. Na boca, o vermelho se espalhava e impedia outros olhares.

Era mais um franzino sem nome sem água sem calça sem vô nem vó sem mãe só pai nem mão sem desculpas nem desejo nem riso sem êpa sem voz sem rumo só calçada, sangue e solidão. No lenço dizia PAZ e os olhos se fecharam. Paz eterna pra quem viveu tão pouco. Quase nada pro tempo que resta.

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