17.2.06

Acalentas meu riso morto

Vão-se ais de uis de ninguém. O tempo regozija estranhas formas de sadismo. Cotovelos se aplacam sobre a tênue plasta cinzenta que se formou depois que lhe abriram a cabeça. Estranho, ninguém o reconheceu. Era apenas mais um dentre milhões de corpos inertes sem vida. Na mão, um lenço branco. Na boca, o vermelho se espalhava e impedia outros olhares.

Era mais um franzino sem nome sem água sem calça sem vô nem vó sem mãe só pai nem mão sem desculpas nem desejo nem riso sem êpa sem voz sem rumo só calçada, sangue e solidão. No lenço dizia PAZ e os olhos se fecharam. Paz eterna pra quem viveu tão pouco. Quase nada pro tempo que resta.

16.2.06

Acendes minha memória

Principias meus verbos

Aqui se inicia. O quê? Por quê? Onde na cadência do verbo a questão surge de indubitável razão aparente. A contradição das palavras faz aumentar o temor pelo caos transfigurado das contorções fonéticas. Meu medo é o teu. O de não saber se devo ou não devo, se existo ou não, que raios faço aqui.

O mundo é surreal enquanto vivo. O verso é uma fuga. A interrogação inunda o brilhantismo. Beijo porque beijo como porque como posso porque não faço porque amo gozo porque gôzo vale porque nada invade... Esqueci as vírgulas. Perguntas estreladas.