Confesso. Me destopeteei no sinpúcio só pelo bambúrrio efêmero. Aquele sentimento bandido fugaz que nos manipula a gatimanhos imprevisíveis. Disseram-me noutrora que traria sorte, mas nunca acreditei. Aquela mesa grande cheia de bolas e mais bolas, coloridas ou listradas, e o problema tava na cachola, na minha cachola. Era o meu cilício inevitável, meu Partênope que caiu no ostracismo gazetal.
Quanto mais eu avançava ao ponto da mutação irreversível, mais forte ficava o meu âmago empalamado, que começava a sentir uma ternura albina paradoxal. Um entremeio sem fim. Um riso inacabado.
Uma figura ignóbil surge à porta. Com farfalhos de dor, se aproxima quase que engatinhando. Me diz: “Pipila que voa, pipila que voa!” Não entendi. Fiquei aturdido com tal revelação. Não sabia mais se o bambúrrio era vil, se Partênope existiu, se a puta que o pariu.
Fiquei acéfalo por um instante. Desejei a morte. Padeci de enfermidades nunca antes reveladas. Saí do meu corpo. Conheci o mundo. A África, o Oriente Médio, Reykjavik, Rotherdam, Oslo, Juneau, Nuuk. Lá não chove na primavera. Aliás, lá não existe primavera. Aqui chove sempre. O teto desaba. A luz se apagou. É o fim. Mas nada é o que parece no fim. Tudo se inverte, se catalisa, metamorfoses existenciais, engenheiros ativistas de um clã naturista de Wally Salomão. A mão minha na mão tua. Tudo é dois. Todos somos. Tacada final. Caiu a bola oito.
1.4.09
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3 comentários:
Bela narrativa, nobre colega jornalista. Receba meu abraço,
Anderson Hartmann
bem profunda a tacada final... (lendo-te no Salgado Filho). beijo
Me leva para a África? Quero pipilar e voar contigo! Beijos
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